quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mediterrâneo é mar mais rico e também o mais ameaçado

Mediterrâneo é dos mares com maior diversidade marinha, mas está a ser atingido pelo maior ritmo de perda de espécies e a ser invadido por exóticas. O retrato da situação surge no âmbito do Censo da Vida Marinha, feito por 2600 cientistas de 80 países.
Continua anunciada para Outubro próximo a divulgação da versão final do Censo da Vida Marinha, um trabalho iniciado há dez anos com o objectivo de fazer o levantamento e o estudo das espécies e ambientes existentes nos mares e oceanos de todo o mundo. Mas ontem, segunda-feira, na revista de divulgação científica PLoS ONE, foram já adiantadas as principais conclusões sobre o Mediterrâneo. O mar que nos fica próximo está em muito mau estado, avisam os cientistas.
Uma das situações mais evidentes, aos olhos dos investigadores, consiste na vulnerabilidade do Mediterrâneo às espécies invasoras. Eles contaram 637, o que equivale a cerca de 4% do total das mais de 17 mil espécies marinhas.
A maioria das exóticas são provenientes do Mar Vermelho e entraram através do canal do Suez, mas o seu caminho é também feito pela rota de Gibraltar. Apanham "boleia" dos cargueiros, seja no casco, seja na água que os navios transportam como lastro.
O Mediterrâneo é o ecossistema marinho mais ameaçado do mundo, a que se seguem o Golfo do México e o Mar da China, na sua plataforma continental, bem como o Báltico e a zona das Caraíbas.
Dados ainda provisórios indicam que as zonas marinhas com maior diversidade são as águas australianas e as do Japão. Em termos globais, os crustáceos correspondem a um quinto das espécies conhecidas.
As equipas de investigação têm recorrido às técnicas mais avançadas agora disponíveis para observação e recolha de amostras, como os submarinos controlados remotamente.
Os cientistas, que se aventuraram não só pelas águas dos mares tropicais, mas também pelas águas geladas próximas dos pólos, descobriram ajuntamentos curiosos de algumas espécies. Assim, no Pacífico localizaram aquilo a que deram o nome de "café dos tubarões brancos" ou o "recreio dos esturjões", sítios de confluência de inúmeros exemplares daquelas duas espécies. Nas suas explorações, identificaram também um molusco com a aparência de um mamute.
Esta investigação deverá continuar para além de 2010, segundo os coordenadores do Censo da Vida Marinha. Os resultados vão ser de acesso público através de bancos de dados a disponibilizar na internet.

Eduarda Ferreira
In http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=1632592

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