Paleontologia ajuda ao desenvolvimento da engenheira aeronáutica
O avião do futuro terá o comportamento inteligente de um organismo dinâmico, capaz de ajustar a forma, flexibilidade e tensão das suas asas a diferentes condições de temperatura, vento e pressão atmosférica. A ideia não é nova. Na verdade, este modelo aerodinâmico perfeito tem 250 milhões de anos. Mas só agora começa a ser seriamente desenvolvida nos estiradores da engenharia aeronáutica. Os modelos são fósseis de pterossauros, uma classe de gigantes répteis voadores do período Mezóico, extintos há 65 milhões de anos.
Porque só agora o projecto começa a congregar a atenção de duas ciências que até hoje nunca se pensaram em conjunto: a paleontologia e a engenharia. Isso mesmo foi defendido esta semana pelo paleontólogo britânico David Unwin num ciclo de conferências de paleontologia realizado em Barcelona. Foi aí que Unwin, uma das maiores autoridades mundiais no estudo destes velhos lagartos com asas, explicou como fósseis com milhões de anos podem ser uma peça fundamental para o desenvolvimento tecnológico da aviação.
"É maravilhoso pensar como os vestígios que nos chegaram dos pterossauros carregam uma mensagem que nos vai ajudar a pensar o futuro de forma tão concreta", declarou o paleontólogo ao diário espanhol El País, explicando que as mais recentes descobertas de fósseis e as novas técnicas utilizadas na sua recuperação têm proporcionado revelações surpreendentes. "Sabemos agora que dentro da membrana das asas destes animais havia diferentes camadas de tecidos, e não apenas uma pele tensa. Era como uma túnica viva, dinâmica, num jogo complexo de vasos sanguíneos, fibras e muitos pequenos músculos." E é nesse complexo sistema que permitia a estes gigantes o domínio perfeito do voo, atingindo velocidades enormes e mantendo uma extraordinária capacidade de manobra rápida, que se acredita estar a chave tecnológica dos aviões de amanhã.
"Os engenheiros aeronáuticos com quem tenho contactado estão muito entusiasmados com esta ideia, porque é exactamente isso que eles hoje procuram desenvolver", explica Unwin. "Trata-se de imaginar um sistema que permite ao piloto receber informação transmitida pelas asas do aparelho e que estas por sua vez se moldem automaticamente em volume e forma consoante as condições exteriores. E eles [engenheiros] acreditam que é isto que poderá tornar voo será sempre mais eficaz, seguro e barato."
Além das asas, explica o paleontólogo, todo o corpo destes animais, enorme mas de pouca massa, é uma lição de aerodinâmica que começa agora a ser estudada.- J.P.O.
Fonte: João Marcelino, in Diário de Nóticias, 28 de Abril de 2008
O avião do futuro terá o comportamento inteligente de um organismo dinâmico, capaz de ajustar a forma, flexibilidade e tensão das suas asas a diferentes condições de temperatura, vento e pressão atmosférica. A ideia não é nova. Na verdade, este modelo aerodinâmico perfeito tem 250 milhões de anos. Mas só agora começa a ser seriamente desenvolvida nos estiradores da engenharia aeronáutica. Os modelos são fósseis de pterossauros, uma classe de gigantes répteis voadores do período Mezóico, extintos há 65 milhões de anos.
Porque só agora o projecto começa a congregar a atenção de duas ciências que até hoje nunca se pensaram em conjunto: a paleontologia e a engenharia. Isso mesmo foi defendido esta semana pelo paleontólogo britânico David Unwin num ciclo de conferências de paleontologia realizado em Barcelona. Foi aí que Unwin, uma das maiores autoridades mundiais no estudo destes velhos lagartos com asas, explicou como fósseis com milhões de anos podem ser uma peça fundamental para o desenvolvimento tecnológico da aviação.
"É maravilhoso pensar como os vestígios que nos chegaram dos pterossauros carregam uma mensagem que nos vai ajudar a pensar o futuro de forma tão concreta", declarou o paleontólogo ao diário espanhol El País, explicando que as mais recentes descobertas de fósseis e as novas técnicas utilizadas na sua recuperação têm proporcionado revelações surpreendentes. "Sabemos agora que dentro da membrana das asas destes animais havia diferentes camadas de tecidos, e não apenas uma pele tensa. Era como uma túnica viva, dinâmica, num jogo complexo de vasos sanguíneos, fibras e muitos pequenos músculos." E é nesse complexo sistema que permitia a estes gigantes o domínio perfeito do voo, atingindo velocidades enormes e mantendo uma extraordinária capacidade de manobra rápida, que se acredita estar a chave tecnológica dos aviões de amanhã.
"Os engenheiros aeronáuticos com quem tenho contactado estão muito entusiasmados com esta ideia, porque é exactamente isso que eles hoje procuram desenvolver", explica Unwin. "Trata-se de imaginar um sistema que permite ao piloto receber informação transmitida pelas asas do aparelho e que estas por sua vez se moldem automaticamente em volume e forma consoante as condições exteriores. E eles [engenheiros] acreditam que é isto que poderá tornar voo será sempre mais eficaz, seguro e barato."
Além das asas, explica o paleontólogo, todo o corpo destes animais, enorme mas de pouca massa, é uma lição de aerodinâmica que começa agora a ser estudada.- J.P.O.
Fonte: João Marcelino, in Diário de Nóticias, 28 de Abril de 2008
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