Tecnologia finlandesa em Peniche
Quem olha para o mar da praia da Almagreira, em Peniche, não adivinha que a cerca de 30, 50 metros da costa estão instalados dois protótipos do WaveRoller, um mecanismo para captar a energia das ondas.O segundo protótipo foi colocado no início deste mês, um ano depois do primeiro. Fazem parte de um projecto-piloto que está a ser desenvolvido pela portuguesa Eneólica, com tecnologia finlandesa. O objectivo é criar um parque de aproveitamento de energia das ondas com capacidade para produzir electricidade que possa ser comercializada. Mas até lá, há um longo caminho a percorrer.O mecanismo está instalado no fundo do mar, a uma profundidade de cerca de 15 metros. Baseia-se num conceito de aproveitamento da energia contida na movimentação das águas em profundidade, uma vez que o movimento de translação que é visível à superfície também se sente no leito do oceano em águas menos profundas. "Há menos energia, mas é suficiente", diz o administrador da Eneólica, Agostinho Ribeiro. Suficiente para causar a oscilação das pás; a energia cinética é recolhida e transformada em electricidade. Cada protótipo tem uma potência de 15 kilowatts, o suficiente para abastecer duas a três casas.Um ano de funcionamento deu para confirmar algumas das vantagens desta tecnologia: como fica submersa não tem impacto visual e fica mais protegida das tempestades, uma vez que a força das águas é mais destrutiva em equipamentos à superfície, explica Agostinho Ribeiro. Aliás, um dos problemas do aproveitamento da energia das ondas é que ainda não se descobriu uma tecnologia capaz de resistir a situações extremas, salienta. Mesmo no fundo do mar, as pás têm dificuldades em resistir. A principal desvantagem é a areia, que interfere com os equipamentos.O desempenho do primeiro protótipo está a corresponder aos objectivos e até ao final de 2009 será avaliada a viabilidade técnica e financeira do projecto para avançar para a fase comercial.Os custo de produção são por enquanto difíceis de avaliar. "Como é um projecto-piloto, não há produção em escala e por isso o custo é elevado. Não é possível dizer o custo por megawatt mas posso dizer que no mínimo é quatro vezes mais do que o da energia eólica", reconhece Agostinho Ribeiro.No entanto, acredita que é possível desenvolver a energia das ondas até que seja competitiva. Esta convicção é partilhada por António Sarmento, director do Centro de Energia das Ondas, uma associação sem fins lucrativos que tem como objectivo desenvolver este mercado. "Não é já depois de amanhã que vai ser uma energia comercial", avisa, lembrando que há um conjunto de cerca de 14 tecnologias que já passaram por testes mas ainda não estão prontas. "Apostar agora comporta um risco elevado, mas o prémio em jogo também é alto", diz o professor do Instituto Superior Técnico, que acredita que Portugal tem potencial para se afirmar neste mercado se começar a investir agora.
Quem olha para o mar da praia da Almagreira, em Peniche, não adivinha que a cerca de 30, 50 metros da costa estão instalados dois protótipos do WaveRoller, um mecanismo para captar a energia das ondas.O segundo protótipo foi colocado no início deste mês, um ano depois do primeiro. Fazem parte de um projecto-piloto que está a ser desenvolvido pela portuguesa Eneólica, com tecnologia finlandesa. O objectivo é criar um parque de aproveitamento de energia das ondas com capacidade para produzir electricidade que possa ser comercializada. Mas até lá, há um longo caminho a percorrer.O mecanismo está instalado no fundo do mar, a uma profundidade de cerca de 15 metros. Baseia-se num conceito de aproveitamento da energia contida na movimentação das águas em profundidade, uma vez que o movimento de translação que é visível à superfície também se sente no leito do oceano em águas menos profundas. "Há menos energia, mas é suficiente", diz o administrador da Eneólica, Agostinho Ribeiro. Suficiente para causar a oscilação das pás; a energia cinética é recolhida e transformada em electricidade. Cada protótipo tem uma potência de 15 kilowatts, o suficiente para abastecer duas a três casas.Um ano de funcionamento deu para confirmar algumas das vantagens desta tecnologia: como fica submersa não tem impacto visual e fica mais protegida das tempestades, uma vez que a força das águas é mais destrutiva em equipamentos à superfície, explica Agostinho Ribeiro. Aliás, um dos problemas do aproveitamento da energia das ondas é que ainda não se descobriu uma tecnologia capaz de resistir a situações extremas, salienta. Mesmo no fundo do mar, as pás têm dificuldades em resistir. A principal desvantagem é a areia, que interfere com os equipamentos.O desempenho do primeiro protótipo está a corresponder aos objectivos e até ao final de 2009 será avaliada a viabilidade técnica e financeira do projecto para avançar para a fase comercial.Os custo de produção são por enquanto difíceis de avaliar. "Como é um projecto-piloto, não há produção em escala e por isso o custo é elevado. Não é possível dizer o custo por megawatt mas posso dizer que no mínimo é quatro vezes mais do que o da energia eólica", reconhece Agostinho Ribeiro.No entanto, acredita que é possível desenvolver a energia das ondas até que seja competitiva. Esta convicção é partilhada por António Sarmento, director do Centro de Energia das Ondas, uma associação sem fins lucrativos que tem como objectivo desenvolver este mercado. "Não é já depois de amanhã que vai ser uma energia comercial", avisa, lembrando que há um conjunto de cerca de 14 tecnologias que já passaram por testes mas ainda não estão prontas. "Apostar agora comporta um risco elevado, mas o prémio em jogo também é alto", diz o professor do Instituto Superior Técnico, que acredita que Portugal tem potencial para se afirmar neste mercado se começar a investir agora.
Fonte: Patrícia Jesus, in Diário de Notícias, 26 de Abril de 2008.
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