quinta-feira, 30 de junho de 2011

O mundo da água

Como quer a sua gota?

Recorrendo a câmaras de alta velocidade e alguns aditivos simples que transformam as características físicas do líquido vital, o artista alemão Markus Reugels mostra-nos um mundo diferente, através das gotas diferentes que consegue provocar e registar.
Talvez seja exagerado falar em pedrada no charco, mas a verdade é que as fotos de gotas de água tiradas por Markus Reugels, de 33 anos, nos mostram um mundo completamente novo, uma realidade alternativa apenas acessível através de alta tecnologia e muita paciência.
Markus deixa cair gotas do líquido vital sobre tabuleiros, colheres e outros utensílios com várias formas, e depois fotografa-as enquanto ressaltam e se espalham sobre a superfície líquida. Para dar cor a um espectáculo que é essencialmente transparente, acrescenta corantes alimentares à água e filtros coloridos à objectiva da câmara.
Adicionando espessantes naturais (gomas e açúcares), consegue alterar a forma dos salpicos, de forma a obter resultados bizarros, que tanto podem parecer uma cena de um filme de ficção científica ou um cogumelo nuclear. Alguns dos salpicos chegam a atingir os 15 centímetros de altura, para o que também contribui a colocação de detergente na água sobre a qual cai a gota.
Para efectuar o disparo, Markus recorre a um sensor, pois o processo é demasiado rápido para os reflexos humanos. Além disso, usa um flash ultra-rápido e um obturador capaz de operar a 1/16.000 de segundo, o que lhe permite registar em pormenor padrões que os olhos humanos nunca poderiam captar (estamos limitados a 1/25 de segundo).
Os resultados nunca são manipulados ou coloridos no computador. Para Markus, basta-lhe a beleza que obtém com um sistema tão simples: “A água pode criar formas belíssimas, mas sem a fotografia de alta velocidade nunca poderíamos vê-las. A forma dos salpicos é muito difícil de manipular. As formas básicas, como os ‘chapéus’ e os ‘discos voadores’, são fáceis, mas para criar duplos salpicos é preciso trabalhar muito, ser muito persistente e paciente. É preciso estudar os resultados e testar todas as alternativas.”
Mas não se pense que Markus vive obcecado com novas experiências: o artista de Schweinfurt, na Baviera (Alemanha), diz que “o importante é divertir-me; o resto vem por arrastamento”.

A.R.
SUPER 158 - Junho 2011

Sem comentários: