Pela primeira vez em 90 anos, o glaciar ao largo da Patagónia argentina rompeu no Inverno. Para os cientistas, a explicação está no aquecimento global
Um bloco de gelo com 60 metros de altura e vários milhares de toneladas desprendeu-se no domingo do glaciar argentino Perito Moreno, um fenómeno raro em pleno Inverno austral, consideram cientistas e ecologistas.
"É a primeira vez que o glaciar se quebra no Inverno. Isso pode estar ligado ao sobreaquecimento global. O aumento da temperatura afecta a resistência do gelo", comentou Carlos Corvalan, director do Parque Nacional dos Glaciares na província argentina de Santa Cruz, no Sul do país.
A ruptura do glaciar é um dos espectáculos naturais mais impressionantes do mundo e atrai milhares de turistas todos os Verões.
"As causas desta ruptura no Inverno podem ser várias, a começar pelo facto de o glaciar ter cerca de 400 anos, o que implica que pode já estar frágil", salientou uma outra fonte do Parque.
Já Norberto Ovando, perito da Comissão Mundial das Zonas Protegidas, disse ao diário local Rio Negro que este desprendimento no Inverno é um indicador do aquecimento global do planeta.
O glaciar de Perito Moreno situa--se a cerca de 2800 quilómetros de Buenos Aires e estende-se por 275 quilómetros quadrados, numa frente de quatro a cinco quilómetros. A massa de gelo deve o seu nome a um dos pioneiros argentinos da exploração desta região da Patagónia argentina e faz parte do grupo dos Gelos Continentais.
Estudos oficiais dão conta de avanços e recuos do colosso gelado, pelo menos, desde 1917, cujos ciclos de crescimento e ruptura se tornaram irregulares devido às alterações climáticas.
Fonte: Filomena Martins, in DN, 9 de Julho de 2008
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