domingo, 9 de março de 2008

Paleontólogos estudam primeiros vestígios do Cretáceo Superior no México


Uma equipa de paleontólogos está a investigar a região de Coahuila, no México, onde há mais de 10 anos foi descoberta a primeira espécie autóctone de um dinossauro bico-de-pato. Segundo os investigadores, o "Velafrons coahuilensis" representa um dos primeiros vestígios do Cretáceo Superior descobertos na região e é um passo importante no conhecimento do passado pré-histórico do continente americano.

Crânio do "Velafrons coahuilensis" (cortesia da Gaston Design, Inc.)
A investigação internacional está a ser conduzida pelo Museu de História de Natural e pela Universidade de Utah, nos Estados Unidos, em parceria com o Museu Real Tyrrell, no Canadá, e com o Departamento de Paleontologia do Museu do Deserto, em Saltillo, na região de Coahuila onde foi encontrado o espécime com 72 milhões de anos. O primeiro estudo foi publicado em Dezembro pela revista científica "Vertebrate Paleontology".
"Até à data, os vestígios de dinossauros encontrados no México eram raros", disse Terry Gates, paleontólogo envolvido no projecto. A nova espécie, que pertence ao grupo dos dinossauros herbívoros bico-de-pato ou hidrossaurios, recebeu o nome de "Velafrons" (do latim e espanhol "testa com vela") por ter uma espécie de crista a partir da testa e "coahuilensis", em homenagem à região mexicana onde foi encontrada.
O clima actual do México, árido e com pouca chuva, não é favorável a investigações arqueológicas uma vez que a erosão mínima faz com que seja difícil detectar fósseis à luz do dia. Para além disso, explicam os investigadores, o terreno desértico em que o dinossauro foi descoberto não tem nada a ver com o México durante o Cretáceo Superior, explicou Terry Gates. Há 72 milhões de anos, a região era um estuário húmido, uma área onde a agua salgada do oceano se misturava com a agua doce dos rios.

Um ecossistema revelado
O espécime foi encontrado numa formação rochosa conhecida como Cerro del Pueblo, datada entre os 71,5 e os 72,5 milhões de anos. A pesquisa arqueológica começou no início dos anos 1990, com a paleontóloga Martha Carolina Aguillon, na periferia de Saltillo, na região de Coahuila. A escavação só terminou em 2002, quando com recurso a martelos pneumáticos e a escavadoras, conseguiram encontrar o crânio que até então tinha estado coberto por três metros de sedimentos. Já no Museu de História Natural de Utah, para onde foram levados os vestígios do "Velafrons coahuilensis", a investigação durou mais de dois anos.
Com base nas características dos ossos do crânio e do esqueleto, os cientistas acreditam que se tratava de um animal jovem quando morreu. Segundo os investigadores, se o espécime encontrado tinha 7 metros de comprimento, um "Velafrons" adulto devia rondar os 10 metros.
"Os dinossauros bico-de-pato com crista são um exemplo extraordinário da evolução dos vertebrados", disse Terry Gates. Ao contrário de outros animais em que o osso do nariz está à frente dos olhos, estes dinossauros tinham o nariz no cimo do crânio. Segundo os investigadores, esta singularidade dos dinossauros bicos-de-pato dificultava a respiração. O ar tinha de circular por várias passagens antes de entrar para os pulmões. Sobre a utilidade da crista que distinguiu a nova espécie, adianta o estudo, embora não haja certezas sugerem que pudesse ser importante para o acasalamento, em conjunto com os canais de respiração que funcionariam como um instrumento musical de atracção.
Além do "Velafrons", expedições recentes descobriram vestígios de uma segunda espécie de dinossauro bico-de-pato e de uma nova espécie de dinossauro herbívoro com cornos, semelhante ao Tricerátopo. Foram ainda descobertos vestígios de dinossauros carnívoros de pequeno e grande porte bem como o maior trilho de pegadas conhecido no México, com marcas bem conservadas de diferentes espécies.
Segundo Terry Gates, cada espécie descoberta representa uma peça para compreender o mundo dos dinossauros, o que faz com que os paleontólogos estejam muito entusiasmados com o potencial da região. Um dos objectivos da equipa é descobrir ainda fósseis de plantas e animais mais pequenos que tenham coexistido com estas espécies.

Fonte: www.fabricadeconteudos.com

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